IA nas cooperativas não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”

Escrito em 21/10/2024
MundoCoop

A inteligência artificial tem revolucionado o mercado como um todo, trazendo ferramentas práticas e capazes de melhorar a automação dos procedimentos, economizando tempo, trabalho e mão de obra.

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Cláudia Pantuffi, docente do curso Tecnologia em Recursos Humanos do Centro Universitário Senac Santo Amaro

No setor do RH e gestão de pessoas, a situação não é diferente e a tecnologia tem otimizado todos os processos, desde o da seleção, contratação, capacitação e as tarefas cotidianas, contribuindo também com um melhor gerenciamento.

Cláudia Pantuffi, docente do curso Tecnologia em Recursos Humanos do Centro Universitário Senac Santo Amaro, explica que a tecnologia pode potencializar inúmeras atuações em relação ao treinamento e desenvolvimento de pessoas. “Por exemplo, nos processos de recrutamento como estratégia para identificar os profissionais com o perfil mais adequado, no levantamento de necessidades de treinamento, no acompanhamento dos resultados, no desenvolvimento de conteúdos que podem ser utilizados em debates sobre diversidade, lideranças femininas e inclusão”. 

Por esses e outros motivos, o Panorama Gestão de Pessoas Brasil, apontou que 87,9% dos profissionais de Recursos Humanos consideram a IA uma ferramenta essencial em suas atividades. No entanto, apenas 2 em cada 10 profissionais nas empresas utilizam IA em suas rotinas, mesmo entre as grandes organizações. 

Em contraponto, o Relatório de Aprendizagem no Local de Trabalho de 2024 do LinkedIn revelou que as organizações não têm capacitado os seus colaboradores em IA. Segundo o relatório, quatro em cada cinco trabalhadores desejam aprender mais sobre inteligência artificial e sua aplicação nas funções diárias. E que apenas 38% dos líderes estão investindo no treinamento de suas equipes para desenvolverem habilidades com essa ferramenta. 

Áreas expostas a IA apresentam um crescimento de 4,8 vezes na produtividade, segundo o primeiro Barômetro Global de Empregos em IA de 2024 da PwC

É PRECISO TORNAR A IA MAIS ACESSÍVEL

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Carine Roos, CEO da Newa, especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão

Um dos grandes debates sobre IA na atualidade gira em torno de como incorporar a tecnologia de forma efetiva nas organizações. Nesse contexto, Cláudia Pantuffi reforça a importância de desmistificar o assunto, para que tanto os gestores como as equipes tenham acesso e conheçam seu potencial de utilização.

“Os resultados obtidos por meio da utilização da IA devem ser avaliados e checados pelo usuário. Há necessidade de ter um mínimo de conhecimento para identificar se aquela informação está correta. Trata-se de uma ferramenta que auxilia e otimiza as atividades, mas não exclui o olhar humano”, exemplifica.

Entra em cena, então, o papel da organização e de suas lideranças para garantir o sucesso dessa ferramenta através da informação. A 27ª edição da CEO Survey, pesquisa anual da PwC, demonstrou que 72% dos CEOs no Brasil afirmaram na IA uma mudança significativa na maneira como suas empresas criam, entregam e capturam valor nos próximos três anos. No levantamento, CEOs que adotaram a IA em suas rotinas perceberam um aumento na eficiência do tempo de trabalho de seus funcionários.

O HOMEM POR TRÁS DA TECNOLOGIA

Para as cooperativas, o cenário não é diferente e a inteligência artificial pode contribuir, principalmente, no fortalecimento do cooperativismo frente às mudanças que impactam o mercado e a relação das pessoas. No entanto, a educação de colaboradores nessas instituições dobra de importância, não só ao manipular a IA, mas também entendê-la criticamente. 

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Ângela Briganó, Gerente de Recursos Humanos da Sisprime do Brasil

Carine Roos, CEO da Newa, especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão, diz que as lideranças podem preparar seus colaboradores passando pelas discussões éticas e humanas, onde questões como transparência de algoritmo e questões relacionadas à privacidade de dados precisam ser conversados. “Tudo isso vai precisar ser levado em consideração quando implementamos a utilização da inteligência artificial no local de trabalho. Isso é crítico não só para os colaboradores que farão o seu uso para a gestão, produtividade e criatividade, mas também para as lideranças”.

Pensando nisso, algumas cooperativas têm começado a investir nessa ferramenta. Como é o caso da Sisprime do Brasil, que resolveu promover a sua primeira ação com a criação de um Comitê de IA em 2023.

O objetivo principal do projeto era dedicar um tempo para conhecer novas tecnologias, avaliar as ferramentas disponíveis, e em especial levar conhecimento aos colaboradores sobre a importância dessa tecnologia nos próximos anos. 

Paulo Thompson, gerente da área de meios de pagamento e coordenador do Comitê de Inteligência Artificial da Sisprime do Brasil, conta que o colaborador precisa estar ciente de que há uma tecnologia nova que deve mudar a forma de se trabalhar. “Entendemos que a inteligência artificial não é moda, não tem volta, é um divisor de águas, como o pessoal costuma dizer. Acreditamos que ela mudará a maneira como se faz negócios, não só para as cooperativas de crédito, mas no mercado de forma geral”, reflete Thompson. 

Ele diz que a organização tem realizado um trabalho muito forte de comunicação com os colaboradores, oferecendo plataformas, como o LinkedIn Learning, por exemplo, para que todos tenham acesso aos conceitos de inteligência artificial. 

IA no RH das cooperativas não é mais uma questão de “se”, mas de “quando” – Ângela Briganó, Gerente de Recursos Humanos da Sisprime do Brasil

No caso dos gestores, tem disponibilizado também cursos especializados sobre o assunto, inclusive oferecendo acesso a algumas ferramentas específicas para que sejam testadas e avaliadas em seus impactos. 

Ângela Briganó, Gerente de Recursos Humanos da Sisprime do Brasil, lembra que a integração da IA no RH e nos treinamentos das cooperativas não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”. 

“À medida que a tecnologia avança, as cooperativas que se anteciparem nessa adoção terão uma vantagem significativa, tanto em termos de eficiência quanto na capacidade de se adaptar às mudanças do mercado. A IA deve ser vista como uma ferramenta que, quando bem utilizada, pode reforçar o espírito cooperativista, promovendo um ambiente de trabalho mais colaborativo, inovador e focado no desenvolvimento contínuo dos seus membros. Contudo, é essencial que essa implementação seja feita de maneira consciente, ética e com foco no desenvolvimento humano, preservando os valores que são a base do cooperativismo”, aponta Beatriz.

Complementando, Carine explica que para o sucesso de ações tudo isso vai precisar ser refletido. “Vamos precisar desenvolver e fazer reflexões mais críticas sobre o uso dessa tecnologia na nossa vida, seja no ambiente privado, nas empresas, no meu trabalho, mas também na minha vida pessoal”, finaliza.


Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop

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Matéria exclusiva publicada na edição 119 da Revista MundoCoop

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