As cooperativas que formam equipes “autogerenciadas” se saem melhor no mundo dos negócios, por terem equipes mais criativas, fluidas e rápidas. Elas se caracterizam por serem grupos de profissionais com responsabilidade e autonomia para gerenciarem as suas próprias atividades e rotinas.

Dentro deste contexto, as suas decisões e estratégias são escolhidas tendo em vista o alcance de metas e, para isso, não prescindem de uma gestão direta e sempre presente. A proposta tem como objetivo descentralizar o controle e permitir que os seus integrantes tenham maior liberdade, sem, no entanto, deixarem de responder por suas ações e resultados.

A MundoCoop conversou com Lupércio Aparecido Rizzo, coordenador dos cursos de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos e Tecnologia em Gestão de Processos Gerenciais no Centro Universitário Senac São Paulo sobre essa tendência nas cooperativas, suas vantagens e desafios.

Confira!

No que as equipes “autogerenciadas” se diferenciam das demais? Quais são as suas características?

A grande diferença desse tipo de equipe é a ausência de controle direto. Dito de forma bastante simples e coloquial, é a ausência de um chefe que esteja o tempo todo controlando os colaboradores.

As principais características das equipes autogerenciadas são a responsabilidade compartilhada entre os membros da equipe, a comunicação clara, aberta, objetiva, a constante autoavaliação, sem a qual não pode haver responsabilidade, a tomada de decisão compartilhada, o constante e eficiente desenvolvimento de novas habilidades.

Quais são os seus benefícios e as vantagens e desvantagens?

Existem riscos ou pontos de atenção que devem ser levados em conta, tais como a resistência a mudanças, a comunicação que pode conter muitos ruídos, a dificuldade de estabelecer foco e persegui-lo e, de forma especial, a possibilidade de conflitos entre as pessoas.

Em linhas gerais, as grandes mudanças na gestão, bem como novas iniciativas tiveram origem na metade do século passado, nos anos 50, com o advento de novas tecnologias, acirramento da concorrência e diferentes informações chegando a todo momento. Muitas foram as inovações e a equipe autogerenciada é uma delas.

Como elas podem facilitar o mundo dos negócios?

Se a marca da contemporaneidade é a diversidade e a fluidez, ou seja, a incerteza e a velocidade das mudanças, equipes com mais autonomia podem ser mais criativas e, por conta disso, trazer soluções ou apontar caminhos com mais inovação e capacidade de superação. 

Capacidade de adaptação é uma condição inevitável ao sucesso hoje.

Como inserir essas equipes nas empresas e nas cooperativas? 

O que realmente importa é que as pessoas tenham sentimento de pertencimento e vejam sentido em suas ações e tarefas. 

O importante é que os colaboradores sejam ouvidos e tenham as suas ideias levadas à sério. Isso não significa que haja uma concordância total, mas que se considere visões e opiniões diversas. 

Qual é o papel das lideranças e do RH nesse processo?

A liderança tem papel fundamental uma vez que deixa de ser protagonista e passa a ser mediador de pessoas e capacidades. A grande tarefa do líder é encontrar os diferentes talentos das diferentes pessoas.

Quais são os desafios dessas equipes?

Entendo que cooperativas de sucesso conseguem articular momentos de autogestão com momentos de gestão mais tradicionais, isso porque existem tarefas e momentos que simplesmente não engajam pessoas. Por mais que gostemos do que fazemos, sempre existe algum ponto em nossa função que não nos agrada plenamente e é mais complexo que as equipes autogeridas mantenham o foco nesse momento. 

No limite, a questão é de respeito pelos talentos e transparência nas ações que demandem gestão mais assertiva.


Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop