O Brasil caminha a grandes passos para se tornar uma referência na produção de biogás, reunindo todos os requisitos necessários, que vão desde potencial de resíduos agrícolas, urbanos como lixo, esgoto e dejetos animais.
Há muitos anos, as cooperativas buscam novas formas de produzir energia, gerando menos impacto e focando na preservação do meio ambiente; e o biogás surgiu como uma alternativa que rapidamente passou a ser valorizado pelas empresas e organizações, uma vez que vai de encontro com a agenda sustentável do setor.
Buscando compreender como as cooperativas estão se adaptando ao mercado do biogás, a MundoCoop conversou com Silvio Krinski, coordenador da área técnica e econômica da Gerência de Desenvolvimento Técnico do Sistema Ocepar. Krinski fala sobre os desafios do processo de adaptação e ainda, ressalta as oportunidades deste mercado.
Confira!
Como foi o processo de desenvolvimento do mercado de biogás nas cooperativas do Sistema Ocepar?
A relação com a produção de biogás acontece há pelo menos 10 anos e nós temos desenvolvido ações para as cooperativas, principalmente para que elas tenham uma evolução do entendimento com relação a como trabalhar com o produto. A principal delas foi um treinamento organizado pelo sistema, com a Fundação Getúlio Vargas. O objetivo dele foi trabalhar com os técnicos das cooperativas para que eles conseguissem transformar o passivo ambiental em ativo ambiental. Depois também foram desenvolvidas algumas viagens para a Alemanha e para a Itália, em busca de novas tecnologias.
Que oportunidades de negócios o biogás traz para as cooperativas?
O uso do biogás pelas cooperativas, é interessante porque você consegue atrelar a sua marca com as ações voltadas à mitigação do seu impacto ambiental e contribuição no meio ambiente. Mas um ponto que trabalhamos com as cooperativas é de que esse modelo de geração de energia, se sustenta. Você não precisa de subsídios do governo para se manter.
Nós incentivamos as cooperativas a serem eficientes no tratamento desses efluentes, porque acreditamos que é uma alternativa tanto ambiental como também de geração de energia.
Quais os investimentos envolvidos no processo de consolidação do mercado de gás nas cooperativas da região?
Hoje a gente não tem esse levantamento, não sabemos exatamente qual é a cifra, qual o valor monetário investido por parte das cooperativas na produção de energia. Mas a perspectiva dentro do cooperativismo é de aumento de produção de biogás. Porque há uma expansão da produção, principalmente de animais, e consequentemente da industrialização dessas proteínas animal, seja de carne e de leite.
Qual o atual volume de produção?
Hoje na produção de biogás existe apenas em algumas cooperativas, são em torno de 6 ou 7 cooperativas que produzem biogás dentro das suas plantas. Isso dá em torno de 4 milhões e meio a 5 milhões de metros cúbicos por ano de biogás. Isso falando só da parte industrial. Quando falamos dos produtores, dos seus cooperados, a gente não tem dimensão de quanto de biogás é gerado.
Observando o atual cenário, quais os principais desafios que foram identificados?
O biogás é uma atividade, vamos chamar de atividade, que já é desenvolvida pelas cooperativas há muito tempo, desde a década de 70. Porém, atualmente estamos em um outro momento, não só por questão temporal, mas também em função de conhecimento que se poderia trabalhar esse biogás. Em especial pela capacidade que a gente teria de transformar esse passivo ambiental. Esse ativo ambiental pode ser transformado em benefícios na forma de energia direta para os cooperados, a indústria, e a sociedade, bem como a gente pode fazer uma redução do impacto ambiental, que esses efluentes teriam no ambiente se não fossem tratados dessa forma.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop